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Professor indiciado por estuprar alunos alegava ser membro de facção e ameaçava expor vídeos
Fonte: MT PLAY
05 de Março de 2025 as 07:12
Professor indiciado por estuprar alunos alegava ser membro de facção e ameaçava expor vídeos
MTPLAY

O professor de futebol F. M. da S. B., indiciado pela Polícia Civil por diversos crimes de cunho sexual contra três alunos da escolinha que ele dava aula, fazia ameaças de agressão, chamados de ‘salve’, como forma de coagir as vítimas. Ele ameaçava alegando ser parte de uma facção e ainda afirmava que exporia as vítimas ao divulgar gravações e fotos dos abusos, aumentando o controle e o medo sobre elas (assista no final da matéria).

O relato foi feito por uma das vítimas em entrevista exclusiva ao SBT Comunidade, programa do SBT Cuiabá. Ao repórter Matheus Mendes, o jovem contou sobre a destruição do seu sonho de um dia se tornar um jogador de futebol profissional.

O menino, de pernas inquietas, uma das vítimas do professor, contou que as perseguições continuaram mesmo depois que ele saiu da escolinha e começou a trabalhar.

“Ele falava que tinha irmão que era do comando [vermelho]. Falava que mexia com coisas espirituais, terreno de espírita e tinha feito trabalho”. Ameaçava indiretamente, que se nós denunciássemos que nós iriamos morrer. Foi depois que comecei a trabalhar, a andar sozinho com as minhas próprias pernas, foi que ficou essa perseguição a nós”, narrou a vítima.

Momentos reiterados de terror

O relato de terror psicológico e de abusos não parou por aí. “Tanto é que muito novo comprei uma moto para trabalhar porque eu ia de bicicleta, e ele ia atrás, não deixava. Tinha essa ameaça. Ele falava que iria se matar se saísse da vida dele. Teve um dia que ele pegou álcool e fósforo e falou que se nós e tentamos se afastar. Ele mandava carro de mensagem na porta da minha casa, parecendo um psicopata. E eu ficava com medo e tinha a vergonha, pois ele dizia que contaria para todo mundo o que ele fazia, e a gente tinha essa vergonha”, contou.

O garoto, que queria se tornar jogador profissional, precisou pendurar as chuteiras antes mesmo de começar a carreira. “O sonho foi frustrado por conta dele. Tivesse seguido outra escolinha, não teria me atrapalhado, quando eu e várias outras pessoas. Não jogo mais bola e quando lembro vem aquela memória”.

Na semana passada, a Justiça decidiu que o homem deve cumprir 46 anos de prisão e pagar indenização de R$ 56 mil às famílias das vítimas.

Condenação

O professor foi condenado pelos crimes de estupro de vulnerável (por três vezes), filmar ou fotografar cena se sexo explícito que tenha criança ou adolescente, pelo armazenamento de mídia e ainda o favorecimento da prostituição de vulnerável e importunação sexual.

 As oitivas do caso começaram a ser feitas ainda no ano passado, no fórum de Cuiabá. Uma das mães dos garotos, que não quis gravar entrevista, contou que o filho tinha tanto medo do professor que sequer conseguiu parecer nas audiências.

No campinho de futebol, as promessas eram muitas: prêmios, troféus, viagens para outras cidades e até mesmo para fora do estado. De acordo com as investigações, a relação do professor com pelo menos três dos alunos iam muito além da amizade e a prática esportiva.

“Sempre me chamava para jogar videogame, para sair, cinema, shopping. Depois, começou a promessa de levar para fora, ele bancava as coisas. Sempre era essa promessa. […] Depois de alguns meses, começou a ficar mais diferente. No começo era amizade”.

A notícia da prisão do homem, que prometia tornar crianças e adolescentes astros do futebol, trouxe para as vítimas um novo sentimento, diferente do medo e da raiva. “Sentimento de alívio, aquela angústia toda acabou e que não vai mais isso com outras crianças”, finalizou.